terça-feira, 11 de outubro de 2011

Budapeste

Budapeste me causou uma primeira impressão terrível. A cidade é formada pela fusão de duas cidades: Buda e Peste. O nosso hotel ficava em Peste, um pouco longe do Danúbio. Vizinhança horrível, prédios feios e sujos, lojas estranhas, muitas fechadas ou vazias. Cadê a tal "Paris do leste"? Confesso que fiquei decepcionada.
Passeando pelas redondezas, descobrimos o bairro judeu, onde era o antigo gueto, e nos deparamos com a linda e enorme sinagoga (é a 2ª maior do mundo). Nas redondezas há ainda um jardim memorial, o museu hebraico e vários monumentos.


Mas a opinião sobre Budapeste só começou mesmo a melhorar depois do passeio de barco pelo Danúbio. Fizemos o cruzeiro noturno e valeu a pena. A cidade ganha um pouco de charme vista do rio, com os prédios iluminados. Principalmente o Parlamento, o Palácio Real e o Bastião dos Pescadores. O passeio custa 13 euros, com direito a uma bebida, e pode ser tratado direto do hotel. O ponto de encontro fica perto da praça da academia, na rua Zrinyi.


Buda é agradável, com o bairro histórico do Castelo, a Igreja do rei Matias, o Bastião dos Pescadores, o Museu de História de Budapeste, a Galeria Nacional, o Palácio Real, várias lojas de antiguidades e cafés. Como fica no alta de uma colina, oferece uma vista magnífica do rio com Peste em pano de fundo. É tão bonito que custo a acreditar que é a mesma Peste que me pareceu tão horrível.
É lá do alto que fica bem nítida a diferença geográfica e arquitetônica entre os dois lado do Danúbio. Buda, de tortuosas ruelas medievais e prédios barrocos, contrasta com Peste, traçada geometricamente numa superfície plana.







A Igreja do rei Matias era o palco das coroações reais no século XIX e tem um lindo teto de mosaico em cerâmica. Bem ao lado, fica o Bastião dos Pescadores que é um conjunto de torres e terraços construído sobre o antigo mercado do peixe. A praça em frente está sempre movimentada, com ambulantes e artistas de rua.


Descendo do Castelo, você pode atravesar o Danúbio pela Ponte das Correntes. A mais importante das pontes que ligam a parte ocidental de Buda à oriental Peste vai dar de frente ao Palácio Gresham, em estilo art nouveau, e que abriga atualmente o Hotel Four Seasons.


O Parlamento húngaro fica bem na margem do rio, em Peste, e é uma belíssima construção neogótica do século XIX. Infelizmente, por razões inexplicadas, não estavam permitidas as visitas ao seu interior. Ainda em Peste, vale a pena passear pela Av. Andrássy, conhecida como avenida dos palacetes, que termina na Praça dos Heróis. A praça, construída para celebrar o primeiro milênio da Hungria, sempre foi palco de manifestações políticas e culturais, especialmente na era comunista. Fica na entrada do parque Városliget e está cercada por museus.


A rua Váci é uma rua de pedestres bem divertida, que liga uma bonita praça arborizada, onde fica o famoso Café Gerbaud, à praça do Mercado Central. Vale o passeio e ainda passa na porta da Catedral de Santo Estêvão. O prédio do mercado é muito bonito e é um bom local para almoçar ou comprar páprica, seja em pó, pasta ou molho... A páprica é o condimento nacional e a Hungria produz a melhor do mundo.

A comida húngara é bem gostosa e as tortas e folhados, sobremesas bem atraentes. O prato mais conhecido da cozinha húngara é a sopa de Gulyás (goulash), um grosso caldo com carne, batatas e cebolas, e naturalmente temperado com páprica. O guisado de carne de porco ou vaca que conhecemos como goulash chama-se pörkölt. Nós comemos no Blue Rose Restaurant. Fica no bairro judeu, é delicioso e barato. Pedimos sopa de goulash, cogumelos recheados com queijo, presunto e dill, bisteca ao estilo cigano (com bacon e alho) e joelho de porco defumado com presunto, cogumelos, ervilhas e queijo.
Andar de metrô é uma experiência e tanto. Além de não ter sinalização nem em inglês nem em qualquer outra língua compreensível, é velho, barulhento e nada charmoso. Na verdade, é muuuuuuuito estranho. É o segundo metrô mais antigo do mundo, atrás apenas do inglês.
Mas leva onde a gente precisa e elimina o risco de ser enganado pelo motorista de táxi. A propósito, se quiser um táxi, peça que chamem no hotel. Os motoristas de rua são bem espertinhos. Na verdade, todo mundo na rua é bem espertinho. Cuidado com a carteira e os pertences e não se iluda. Se achar que está fazendo um bom negócio, tem alguma coisa por trás que você não captou. Desista.


Uma coisa que gostei demais foi o Memorial "Sapatos sobre a margem do Danúbio", que recorda os judeus vítimas do movimento fascista húngaro durante a Segunda Guerra Mundial. Os 60 pares de sapatos de metal que compõe o memorial evocam os sapatos abandonados na margem quando as pessoas caíam no rio depois de fuziladas.


No fim das contas, Budapeste não foi uma cidade pela qual me apaixonei. Pelo menos, não desta vez. Mas tem coisas bonitas e algumas muito interessantes.

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