sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Montevidéu + Colonia + Buenos Aires

Com dez noites disponíveis e passagens emitidas com milhas, nós fizemos um esquema assim:
Aéreo Brasília/Montevidéu
Três noites em Montevidéu
Ônibus de Montevidéu para Colônia de Sacramento
Uma noite em Colônia
Barco entre Colônia e Buenos Aires
Seis noites em Buenos Aires
Aéreo Buenos Aires/Brasília

Em Montevidéu, o caminho do aeroporto ao centro, feito pela rambla, lembra um pouco Copacabana. A orla, os prédios antigos... Bonito! Uma (boa) caminhada pela região confirma a primeira impressão. São muitos quilômetros de calçadão ao longo do rio da Prata. Diversão garantida.


A cidade velha é o que Montevidéu tem de melhor. Vale a pena fazer um passeio com calma pelas suas praças e pela avenida 18 de Julho e seus arredores para não perder nada da arquitetura antiga, das livrarias... O interior da Más Puro Verso, por exemplo, é lindo.


Os prédios são incríveis, embora muitos deles não estejam bem conservados. Não dá para perder a Plaza Independencia, com a Porta da Cidadela e os Palácios Salvo e Estevez. 


A manhã de sábado é perfeita para essa caminhada. As ruas não tem o movimento excessivo de durante a semana, mas o comércio está todo aberto e ainda tem uma feira de antiguidades na Praça da Matriz.


Falando em feira, domingo é o dia da famosa Feria Tristán Narvaja. Com artigos que vão de frutas e verduras até antiguidades, ocupa vários quarteirões e atrai muita gente. A parte mais legal fica entre as ruas Uruguay e Paysandu, onde se concentram os antiquários e sebos.


Um programa muito bom é a visita guiada ao Teatro Solís. Hummmmmm! Parece que estou me especializando em visitas guiadas a teatros. Tenho feito muito esse tipo de passeio nas viagens e curtido bastante!


O teatro, construído em 1856, foi totalmente restaurado. A sala de espetáculos é muito bonita e a acústica, perfeita. Pequenas intervenções artísticas tornam a visita ainda mais interessante.
Nos arredores, o Museu do Carnaval e o Museu Torres García. No Estádio Centenário funciona o Museu do Futebol, mas só abre de segunda a sexta.

O rio da Prata contorna a península onde está o centro histórico e desenha uma orla de balneário para os bairros residenciais, como Punta Carretas, Pocitos, Buceo e Carrasco.


A cidade é bem tranquila e arborizada e dá para aproveitar bastante, sem correria, porque não são tantas as atrações.


Definitivamente, eu não gosto de parrilla. Gosto de churrasco sim, mas a parrilla uruguaia e argentina não tem graça nenhuma, é sem tempero e passada demais... Além disso, são utilizados cortes muito estranhos para os nossos costumes: úbere, rins, coração, testículos e outras ecas.
Não entendo o culto que existe a esse prato.
De vez em quando eu tento outra vez, experimento de novo, mas ainda não mudei de opinião.
Para quem gosta, Montevidéu é o paraíso. Há carne de boa qualidade em toda parte, servida com batatas fritas e o molho chimichurri, que é uma delícia.

O almoço no Mercado do Porto é tradicional, principalmente para desfrutar da parrilla uruguaia e do típico medio y medio, drink metade vinho branco e metade espumante. A maioria dos restaurantes tem balcões em torno da típica grelha inclinada. É uma beleza porque você também fica com aquele cheirinho gostoso...


Mesmo sem interesse pela parrilla, aproveitei o almoço do mercado no badalado El Palenque. A parrilla de frutos do mar estava perfeita e o arroz negro com lulas, uma delícia.


Bodega Bouza é uma vinícola que fica a apenas 20 km do centro. Tem o tour completo pelas instalações, com degustação. Tem também uma coleção de carros antigos (o que no Uruguai não é assim grande vantagem já que o país todo é uma enorme coleção de carros antigos...) e um excelente restaurante.


Para lanchar, empanadas deliciosas e o típico chivito. É um sanduíche feito com carne e muitos acompanhamentos, muito bem servido. Gigante, eu diria. O mais tradicional é o canadense, que vem com alface, tomate, pimentão, presuntos, queijo, ovo e bacon.


A viagem entre Montevidéu e Sacramento dura duas horas e meia  no ônibus da empresa COT, que sai do terminal Tres Cruces. O veículo é muito confortável, mas vai parando muito. Durante todo o percurso, sobem e descem passageiros.
E foi nessa brindeira que dancei no celular...

A Colonia de Sacramento é uma graça. Super fotogênica, com o calçamento em pedra, as casas antigas, as paredes rústicas, os lampiões de luz amarelada. Vários carros antigos ainda circulam pela cidade e outros ficam cuidadosamente estacionados em pontos-chave para aumentar o charme do lugar. No bar e restaurante El Drugstore, por exemplo, há duas mesas charmosamente arrumadas dentro de carros antigos. A decoração é super legal mas a comida deixa a desejar. Quem sabe para tomar um vinho...


Esta cidadezinha colonial foi fundada pelos portugueses, daí a diferença arquitetônica para as cidades de colonização espanhola. É de uma beleza singela, muito tranquila. A impressão é de que o tempo parou. Janelas caprichosas, portas entreabertas, cachorros pelas ruas e o rio da Prata fluindo devagar. Puro encanto!


Nos hospedamos na Posada Le Vrero, que é bem localizada e confortável. Funciona na casa onde viveu o escritor Mario Levrero e cada quarto tem o nome de uma de suas obras. O destaque, porém, fica para o atendimento simpático e primoroso dos proprietários.

Para comer:
Meson de la Plaza - comemos nhoque a bolonhesa, cordeiro com cogumelos acompanhado de mini nhoques e goulash com nhoques. Acho que deu para notar que todos nós amamos nhoque, né?
Mercosur - o carro chefe é a parrilla mas os sorrentinos com salsa caruso estavam incríveis.


Para comilança em terras uruguaias, não perca o doce de leite mais famoso do mundo. Em tortas, deliciosos alfajores ou puro...

Para ver mais fotos do Uruguai, clique aqui.

A viagem de Colonia a Buenos Aires dura apenas uma hora. As embarcações da empresa Buquebus são grandes e relativamente confortáveis e tem um freeshop com ótimos preços. A viagem dura só uma hora!

Buenos Aires é sempre uma boa diversão. Para conhecer, para passear, para curtir a noite, para aproveitar os restaurantes... Achei a cidade um pouco mais decadente que da última vez, mas ainda mantém ilhas de charme e estilo.


A calle Florida continua movimentada, cheia de pessoas oferendo roupas de couro e câmbios mais favoráveis.


As casas de tango também continuam a mil. São inúmeras opções, com jantar incluído ou apenas uma bebida, sempre com preços exorbitantes e shows totalmente turísticos. Algo assim como a versão portenha de um show de mulatas do Sargentelli. O público nestas casas de espetáculos é brasileiro em sua quase totalidade.
Para ver uma versão mais autêntica do tango, tente algo como o Centro Cultural Borges ou a Academia Nacional de Tango.


Outro lugar onde os brasileiros então em peso é em Puerto Madero, o antigo bairro do porto. Com a restauração dos armazéns, o bairro se tornou um importante centro de negócios. A visita ao Museu Fragata Presidente Sarmiento agrada muito as crianças, mas também é muito interessante para os adultos.


Cercada pela Casa Rosada, o Cabildo e a Catedral, a Plaza de Mayo continua linda. E continua sendo palco das principais manifestações políticas e reivindicatórias. Desta vez, a ocupação era dos ex-combatentes da Guerra das Malvinas.


Atrás da Casa Rosada, no local primeiramente ocupado pelo antigo forte colonial e, depois, pelo prédio da alfândega, funciona o Museu do Bicentenário. A montagem é muito bem feita. São diversos ambientes que descrevem, com artefatos da época e vídeos explicativos, as várias fases da história argentina. Gostei bastante!


Dando seguimento a minha tradição de visita a teatros, fizemos a visita guiada ao Teatro Colón. Um espetáculo! É um teatro grande, com muita beleza e luxo. Os materiais foram combinados de forma a regular a temperatura e aperfeiçoar a acústica e criaram um ambiente bastante harmonioso.


Uma caminhada da Plaza de Mayo até o edifício do Congresso Nacional, ao longo da Avenida de Mayo, permite apreciar uma série dos muitos lindos prédios de Buenos Aires. É um ótimo passeio, que fica ainda melhor se você parar no Café Tortoni (o café mais tradicional de Buenos Aires) e tomar um chocolate quente com churros. Se quiser um lanche mais substancial, há deliciosos croissants recheados, tortas salgadas e saladas. É uma das minhas ruas preferidas.


Na Recoleta fica o famoso cemitério das celebridades, mas mesmo quem não se interessa por este programa fúnebre pode aproveitar o bairro. Muito arborizado, com ruas largas e prédios elegantes, rende um agradável passeio. Lá estão a Igreja do Pilar, a faculdade de direito, a escultura floralis generalis, a Biblioteca Nacional...


Imperdível o Museo de Bellas Artes, que tem no acervo obras de Van Gogh, Monet, Degas, El Grego, Rembrandt e muitos Rodin. Gostei demais!


Quadros de artistas famosos também podem ser encontrados no MALBA - Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires. Lá estão Tarsila do Amaral, Rivera, Frida Khalo, Di Cavalcanti, Portinari, Botero. Quando fomos, a exposição temporária era da artista japonesa Yayoi Kusama.


Aproveitando que está em Palermo, dê um passeios pelos parques. Boas opções são o Jardim Japonês e El Rosedal.


Um programa que não perco por nada é visitar a livraria El Ateneo. Fundada em 1912, tem hoje um monte de filiais. O endereço tradicional da rua Florida 340 era ponto de encontro de autores e leitores e funcionou com uma precursora da feira do livro de Buenos Aires. Ficava próxima ao edifício do jornal La Nacion e este trecho da rua tinha um trânsito intenso de intelectuais, escritores e jornalistas. O mais importante, porém, na história da empresa foi o fato de ter sido escolhida pelos editores espanhóis, durante a Guerra Civil, para divulgação das obras proibidas pelo franquismo. Muito linda e moderna é a sucursal Grand Splendid, em um antigo cine-teatro remodelado na Avenida Santa Fé. Uma delícia sentar para folhear uma obra em um dos antigos camarotes ou tomar um café no meio do palco.


Mais ao norte, logo depois dos parques, fica a área mais charmosa de Buenos Aires. No Palermo Soho, você encontra lojas descoladas, cafés, confeitarias e restaurantes. Um pouquinho mais ao norte ainda, está Palermo Hollywood, que é considerada atualmente a principal área gastronômica da cidade.


Caminito é o que de mais turístico há em Buenos Aires, o principal cartão postal. É uma quadra com casinhas de zinco coloridas, uma infinidade de lojas de souvenirs e dançarinos de tango oferecendo fotos. Mas tem seu charme. Vale uma passada rápida, em meia hora já se viu tudo.


A feira de antiguidades de San Telmo, em contrapartida, rende horas de passeio. O ambiente é super agradável; as mercadorias, bacanas e variadas; a praça Dorrego, com os restaurantes e casas ao redor, muito fotogênica. Na redondeza da feira de antiguidades, outras feiras: incensos, camisetas, abajures, pães caseiros, empanadas, mafaldas, bijuterias, pratas, tricôs, doces, agasalhos, livros, brinquedos...


No Abasto não há muito a se ver. Logo atrás do shopping, no prédio do antigo mercado, duas ruazinhas pitorescas com as casas decoradas em fileteado e o Museu Carlos Gardel.


Se estiver com tempo sobrando, o Delta do Tigre é um bom passeio. É possível contratar o tour ou fazer por conta própria: trem da estação Retiro até a estação Mitre e de lá, Tren de la Costa até a estação Delta. Simples e tranquilo.


Chegando em Tigre, contrate um passeio de barco. A oferta é grande e você pode escolher entre os catamarãs ou os barcos mais tradicionais. Além disso, uma volta pelo centrinho e pela beira-rio.


Almoce por lá e volte pelo mesmo caminho ou de trem direto a partir da estação Tigre. 
Nós comemos uma boa parrilla no Don Manuel.


Restaurantes em Buenos Aires

Torcuato y Regina - Fica na Plaza San Martin. O ambiente é agradável e tem excelentes saladas. Recomendo: salada grega, sorrentino a carbonara e nhoque a matriciana.


Sarkis - Restaurante armênio que nada mais é do que árabe. pasta de berinjela, boerek de queijo e ricota, arroz marroquino e kafta de cordeiro com molho de iogurte temperado. Uma delícia! Cuidado com o que pede porque as porções são enormes.


Los Remolinos - Para comer um bom bife de chorizo.
Sottovoce - São duas casas. Prefiro a da Av. del Libertador. As massas são divinas. Indico maltagliati de ragu (soberbo!), pappardelle com cogumelos e nhoque de semolina.


La Dorita - Boas massas e carnes por um preço melhor ainda.


El Sanjuanino - O melhor lugar do mundo para comer empanadas deliciosas. São muito sabores. Meus preferidos: milho, napolitana e carne suave.


Amici miei - Em plena Plaza Dorrego, é o almoço perfeito para um domingo. Nhoque corleone, pappardelle com ragu de porco com cogumelos e vinho tinto e tagliatele ao cacau com nozes e queijo azul. Divino!


Fervor - Comidas do campo e do mar. A parrillada de mar é imperdível.


E num item a parte, os sorvetes de Buenos Aires. Porque Buenos Aires tem sorvetes maravilhosos na Volta  (o dulce de leche volta tem amêndoas e avelãs carameladas) e na Freddo (amo frutilla a la crema e dulce de leche tentacion).



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