segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Dentro de um quadro

Eu adoro os impressionistas! Amo MonetE acho a casa onde ele viveu em Giverny um dos lugares mais lindos do mundo.


Me sinto dentro dos quadros. Reconheço os recantos dos jardins. Partilho da intimidade do pintor. Me emociono.


Monet gostava de jardinagem tanto quanto de pintura e se dedicava pessoalmente ao cultivo do jardim. São ninfeias  lírios, dálias, bambu, assucenas, rosas, rododendros, salgueiros, girassóis, brincos de princesa, tulipas, margaridas, glicínias, azaléas, gerânios e mais uma infinidade de flores. Passear por entre esta explosão de cores e perfumes é se deixar levar por seus pincéis. O difícil é saber se é a vida dentro da arte ou a arte dentro da vida, já que foi ele mesmo que criou os cenários perfeitos de seus quadros. E com tanta harmonia, que planejava cuidadosamente de forma que a combinação das espécies propiciasse um jardim florido em todas as épocas do ano. O cara é um gênio mesmo.


Logo na frente da casa fica o Clos Normand, com um trabalho delicado que envolve cores, perspectivas e simetria e utiliza árvores frutíferas, flores silvestres, trepadeiras, arcadas de metal e a própria balaustrada da casa. A aparência é de desorganização, mas sabemos que ali foi feito um planejamento cuidadoso.


O Jardin d'Eau tem um riacho, uma lagoa cheia de ninfeias, uma touceira de bambus e a famosa ponte japonesa. Com assimetrias e curvas, canoas e muitos reflexos na água. Diz-se que, além da cores, Monet seria fascinado pelo jogo de luzes e pelos reflexos das nuvens sobre a água.


O fato é que o jardim é um quadro ao vivo, é estar num filme. Uma das sensações mais incríveis que já tive.


A casa mantém os móveis e a decoração originais. Também ela é cheia de cores, vivíssimas. A sala de jantar amarela. A cozinha azulzinha e cheia de panelas de cobre. Há  bastante coerência entre a decoração luminosa da casa e as obras do pintor.


A fachada é ocre com janelas verdes e já está imersa no turbilhão do jardim.


A lojinha fica no galpão onde foram pintados os enormes painéis gigantescos que hoje estão no Musée de l’Orangerie e tem uma infinidade de coisas lindas, de gravuras a livros de receitas. Monet recebia frequentemente amigos como Cézanne e Renoir para refeições que ele e a mulher preparavam. Consta que, além de tudo, era um gourmet.

Situada já na Normandia, Giverny fica a apenas 70 km de Paris. Nós sempre fomos de carro, mas dá para ir em excursões contratadas em Paris e por conta própria, que sai muito mais barato e seguramente é muito mais divertido. O percurso é feito em trem, da Gare Saint-Lazare até Vernon. A partir de Vernon, você pode escolher ir de ônibus ou de bicicleta, ambos disponíveis na porta da estação.
Funciona de abril a outubro e em cada estação o visual é diferente. Infelizmente, ainda não visitei ao vivo no outono. Ah, e no verão é absurdamente cheio.

É um passeio para o dia inteiro. Para aproveitar cada minuto, desfrutar de todo o tempo possível mergulhado naquele universo. Pura contemplação.


Além da Fundação Monet, Giverny tem um museu bem interessante a visitar - Musée des Impressionismes - e a igrejinha com o cemitério onde está sepultado Monet. Um passeio e tanto!