sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Almodóvar

Não, não é o famoso diretor de cinema.
É um crepe delicioso que experimentei na creperia C'est si bon, da Asa Norte.
A massa, de trigo sarraceno, me fez lembrar as deliciosas galettes francesas que eu tanto amo. O recheio é filé mignon, shiitake no molho shoyu acebolado, requeijão cremoso e alho poró. Fantastique!
O Sir Lancelot também é muito bom, com presunto de parma, queijo brie, tomate seco e rúcula. De doce, tem o Puro Êxtase (morangos, chocolate ao leite e chantilly) e o Narue (morangos, chocolate ao leite e sorvete de creme) que são gostosinhos, mas ainda não me apaixonei por nenhum. Crepe doce eu gosto mesmo é do Peteleco, do Crepe au Chocolat, de brigadeiro e chantilly. Delícia!


Crepes x Panquecas... E Galettes?

Desde que eu era criança, minha mãe fazia panquecas. Recheadas com carne moída e levadas ao forno... hummmm! Bom Demais. Era esse o nome de um bar, nos anos 80, onde além da gente encontrar todo mundo que importava e curtir ótima música ao vivo, comia a deliciosa panqueca da Cristininha.
Pois é! Depois, sei lá porque, todo mundo no Brasil começou a chamar panqueca de crepe. E foi só quando fui aos Estados Unidos pela primeira vez que descobri o que é a panqueca de verdade. É aquela fofa, de massa grossa, que a gente come empilhadas e cheias de mapple syrup. Maravilha também!
Depois de bem definida na minha cabeça a diferença entre panqueca e crepe, viajei para a França. E para a Bretanha. Que, por sinal, é um paraíso. Cheio de cidra e galettes, duas das coisas que mais gosto no mundo. Pois então, foi lá que descobri que galettes são crepes salgados, com massa de trigo sarraceno, servidos como prato principal. A tradicional galette bretonne é servida com queijo, presunto e ovo frito. Há, porém, vários sabores. Cada um melhor que o outro.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Polônia

A Polônia é um pais super católico e tudo remete ao Papa João Paulo II. Agora eu entendo bem  porque "o papa é pop".
Em Wadowice, sua terra natal, está a casa onde nasceu e a igreja onde foi batizado. Lá também tem um doce bem gostoso, chamado Kremówka (fala-se algo como cremuska). Na verdade, ele é encontrado em toda a Polônia, mas o mais gostoso que comi foi o original de lá.


Czestochowa é a capital religiosa do país. No Santuário de Jasna Gora está a famosa pintura da "Virgem Negra", que é muito bonita.


Cracóvia é mais uma cidade cujo visual é favorecido pela água. O rio Vístula proporciona paisagens cenográficas. Das pontes se tem belas vistas do Monte Wawel, que é um ótimo lugar para passear. O Castelo Real e a Catedral de Cracóvia são lindíssimos. O centro histórico (Stare Miasto) tem várias igrejas, mas a principal é a Basílica de Santa Maria, em cuja torre um toque de trompete soa de hora em hora. Ainda na Praça do Mercado (Rynek Glowny), explore o fervilhante mercado e as várias ruelas simpáticas ao redor.


A arquitetura de Cracóvia é colorida e muito rica, com vitrais, pinturas e esculturas. Tem um estilo medieval, mas com construções renascentistas, barrocas e góticas. E além de tudo, não foi  bombardeada durante a 2º Guerra. Ou seja, o centro histórico está lá inteirinho: lindo e preservado.


É interessante passear pelo Bairro Judeu, embora a população judia atual seja estimada em apenas 200 pessoas. Tem o antigo gueto, a emocionante Praça da Concórdia e a fábrica de Oscar Schindler, que agora é um museu. São uma excelente preparação para a visita a Auschwitz.
O passeio às Minas de Sal de Wieliczka agrada muitas pessoas, pela quantidade de estátuas esculpidas em sal. Eu não achei essa maravilha toda.
 

Ficamos fãs do Restaurante Chlopskie Jadlo. A comida é mesmo muito boa e o lugar, uma gracinha. Recomendamos Pierogi Misto (com recheios de carne, batata e repolho), Mixed de Carne Grelhada com Molho de Alho, Costela de Porco com Mel, Bife Rolê com Bacon e Picles de Pepino.

A visita a Auschwitz era, para mim, a grande expectativa da viagem. Tinha muita vontade de conhecer.
Os pavilhões do campo de Auschwitz I foram transformados em museu. Além de salas com pertences originais das vítimas (malas, chinelos, óculos, cabelos, próteses ortopédicas, brinquedos, roupas) e muitas fotos e documentos, pode-se visitar a câmara de gas, o crematório e a "parede negra", que era um muro para fuzilamentos. Em Birkenau (Auschwitz II), dá para ver o interior dos pavilhões de madeira, ruínas de câmaras de gás, a lagoa onde se despejavam as cinzas...
Um passeio fantástico, sem comentários. Imagino que muitas pessoas não queiram passar por lá, mas a minha opinião é de que todo mundo precisaria ver isso.


Varsóvia foi uma cidade que me surpreendeu. Por ter sido totalmente arrasada na 2ª Guerra, eu não tinha muita expectativa. Só que a cidade é uma delícia! Além de linda.
O Parque Lazienkowski é bastante florido e gostoso de passear; as avenidas são largas e o centro histórico (Stare Miasto), uma gracinha.


Eu sabia que tinham reconstruído o centro histórico exatamente igual ao que era antes da guerra, mas achei que ia ser sem graça. Grande engano! A Praça da Sereia (Rynek Starego Miasta) é maravilhosa. E tem, também, o Palácio Real, as vistas do rio Vístula, as antigas muralhas...
Imperdível fazer uma caminhada entre os belos casarões, estátuas e igrejas da Estrada Real e ver a Universidade, os bancos que tocam músicas de Chopin, a Academia de Belas-Artes... As fachadas das casas são muito decoradas, há vários artistas de rua. É uma cidade com charme. Gostei demais!


O Bairro Judeu não tem muitos atrativos. O Monumento aos Heróis do Gueto ocupa o centro do antigo gueto, que era o maior da Polônia, com  450 mil pessoas amontoadas em uma área de cerca de 3.3 quilômetros quadrados. Depois da revolta judaica de 1943, o gueto foi completamente destruído. 
O Palácio da Cultura e da Ciência  foi construído por ordem de Stálin e pago pelos poloneses. É um prédio bem estranho e nada querido pela população, já que marca a dominação comunista.

Para comer a deliciosa comida polonesa com cerveja Zywiec, um ótimo local é o Restaurante Folk Gospoda. O pierogi é delicioso e o mix de carnes assadas é gigante. Suficiente para alimentar uma pequena vila... Além do lugar ser super charmoso e ter ótima música, o cardápio está também em inglês, o que significa fugir das consoantes com acento, vogais com cedilha e outras bizarrices.


Para quem gosta de moules, as da Trattoria Bellini não deixam nada a dever às belgas. E fica na Praça da Sereia, ou seja, um local com visual encantador.


O Restaurante grego El Greco também é uma opção. A moussaka estava só mais ou menos, mas o carneiro com creme de leite estava absolutamente fantástico.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Budapeste

Budapeste me causou uma primeira impressão terrível. A cidade é formada pela fusão de duas cidades: Buda e Peste. O nosso hotel ficava em Peste, um pouco longe do Danúbio. Vizinhança horrível, prédios feios e sujos, lojas estranhas, muitas fechadas ou vazias. Cadê a tal "Paris do leste"? Confesso que fiquei decepcionada.
Passeando pelas redondezas, descobrimos o bairro judeu, onde era o antigo gueto, e nos deparamos com a linda e enorme sinagoga (é a 2ª maior do mundo). Nas redondezas há ainda um jardim memorial, o museu hebraico e vários monumentos.


Mas a opinião sobre Budapeste só começou mesmo a melhorar depois do passeio de barco pelo Danúbio. Fizemos o cruzeiro noturno e valeu a pena. A cidade ganha um pouco de charme vista do rio, com os prédios iluminados. Principalmente o Parlamento, o Palácio Real e o Bastião dos Pescadores. O passeio custa 13 euros, com direito a uma bebida, e pode ser tratado direto do hotel. O ponto de encontro fica perto da praça da academia, na rua Zrinyi.


Buda é agradável, com o bairro histórico do Castelo, a Igreja do rei Matias, o Bastião dos Pescadores, o Museu de História de Budapeste, a Galeria Nacional, o Palácio Real, várias lojas de antiguidades e cafés. Como fica no alta de uma colina, oferece uma vista magnífica do rio com Peste em pano de fundo. É tão bonito que custo a acreditar que é a mesma Peste que me pareceu tão horrível.
É lá do alto que fica bem nítida a diferença geográfica e arquitetônica entre os dois lado do Danúbio. Buda, de tortuosas ruelas medievais e prédios barrocos, contrasta com Peste, traçada geometricamente numa superfície plana.







A Igreja do rei Matias era o palco das coroações reais no século XIX e tem um lindo teto de mosaico em cerâmica. Bem ao lado, fica o Bastião dos Pescadores que é um conjunto de torres e terraços construído sobre o antigo mercado do peixe. A praça em frente está sempre movimentada, com ambulantes e artistas de rua.


Descendo do Castelo, você pode atravesar o Danúbio pela Ponte das Correntes. A mais importante das pontes que ligam a parte ocidental de Buda à oriental Peste vai dar de frente ao Palácio Gresham, em estilo art nouveau, e que abriga atualmente o Hotel Four Seasons.


O Parlamento húngaro fica bem na margem do rio, em Peste, e é uma belíssima construção neogótica do século XIX. Infelizmente, por razões inexplicadas, não estavam permitidas as visitas ao seu interior. Ainda em Peste, vale a pena passear pela Av. Andrássy, conhecida como avenida dos palacetes, que termina na Praça dos Heróis. A praça, construída para celebrar o primeiro milênio da Hungria, sempre foi palco de manifestações políticas e culturais, especialmente na era comunista. Fica na entrada do parque Városliget e está cercada por museus.


A rua Váci é uma rua de pedestres bem divertida, que liga uma bonita praça arborizada, onde fica o famoso Café Gerbaud, à praça do Mercado Central. Vale o passeio e ainda passa na porta da Catedral de Santo Estêvão. O prédio do mercado é muito bonito e é um bom local para almoçar ou comprar páprica, seja em pó, pasta ou molho... A páprica é o condimento nacional e a Hungria produz a melhor do mundo.

A comida húngara é bem gostosa e as tortas e folhados, sobremesas bem atraentes. O prato mais conhecido da cozinha húngara é a sopa de Gulyás (goulash), um grosso caldo com carne, batatas e cebolas, e naturalmente temperado com páprica. O guisado de carne de porco ou vaca que conhecemos como goulash chama-se pörkölt. Nós comemos no Blue Rose Restaurant. Fica no bairro judeu, é delicioso e barato. Pedimos sopa de goulash, cogumelos recheados com queijo, presunto e dill, bisteca ao estilo cigano (com bacon e alho) e joelho de porco defumado com presunto, cogumelos, ervilhas e queijo.
Andar de metrô é uma experiência e tanto. Além de não ter sinalização nem em inglês nem em qualquer outra língua compreensível, é velho, barulhento e nada charmoso. Na verdade, é muuuuuuuito estranho. É o segundo metrô mais antigo do mundo, atrás apenas do inglês.
Mas leva onde a gente precisa e elimina o risco de ser enganado pelo motorista de táxi. A propósito, se quiser um táxi, peça que chamem no hotel. Os motoristas de rua são bem espertinhos. Na verdade, todo mundo na rua é bem espertinho. Cuidado com a carteira e os pertences e não se iluda. Se achar que está fazendo um bom negócio, tem alguma coisa por trás que você não captou. Desista.


Uma coisa que gostei demais foi o Memorial "Sapatos sobre a margem do Danúbio", que recorda os judeus vítimas do movimento fascista húngaro durante a Segunda Guerra Mundial. Os 60 pares de sapatos de metal que compõe o memorial evocam os sapatos abandonados na margem quando as pessoas caíam no rio depois de fuziladas.


No fim das contas, Budapeste não foi uma cidade pela qual me apaixonei. Pelo menos, não desta vez. Mas tem coisas bonitas e algumas muito interessantes.