domingo, 16 de setembro de 2012

França no verão?

Pois é... Depois do carnaval em Paris, as férias do meio do ano ficaram livres para rodar pelo resto da França. Delícia! Ainda mais que escolhemos só o melhor dos melhores, la crème de la crème.
Saímos do Brasil com um roteirinho caprichado, incluindo só o que mais gostamos e uma ou outra coisinha que tínhamos deixado para trás. Seguem, portanto, minhas impressões sobre o que há de melhor para desfrutar a França.

Começamos pelo nordeste da França, pelas regiões da Champagne e da Alsácia-Lorena. O clima estava ótimo, ensolarado e fresco. Para quem aprecia, muita champanhe e vinho branco. As comidas típicas são ótimas, com forte influência alemã sem perder o charme francês. Comemos foie gras, cuja produção surgiu em Strasbourg, quiche lorraine, a deliciosa flammekueche - massa coberta tradicionalmente com bacon, cebola e créme fraîche, presskopf - terrina de carne de porco. Kugelhopf é um bolo com passas e amêndoas, parecido com um pão bem leve. O chucrute alsaciano vem bem temperado e acompanhado de uma variedade de embutidos e defumados suínos. O queijo típico da região é o munster, uma delícia. As tortas salgadas são excelentes, especialmente a vigneron, com recheio de carne, e a de queijo munster. Também são abundantes as carnes de caça e as trufas. Os macarons de coco são bons demais.


A catedral de Reims é linda, com muitas esculturas na fachada - principalmente anjos e reis - e vitrais.
Eu gosto muito de vitrais. E vidros coloridos em geral: copos, garrafas, espelhos, luminárias...


Troyes é o paraíso dos vitrais. A catedral fica iluminada pelos raios coloridos do sol filtrado. Um arraso! E ainda mais duas ou três igrejas com este efeito. Além disso, o centro histórico é uma delícia de percorrer. São várias as casas com pátios internos encantadores.


A Alsácia e Lorena é uma das regiões mais agradáveis da França.
Verdun, situada à beira do rio Meuse, é uma graça. A principal atração - a cidadela subterrânea - é legalzinha, mas a cidade é muito melhor.


Metz é rodeada de canais do rio Moselle. Muito graciosa, com pontes e lindas casinhas com floreiras. Lá fica o teatro ainda em funcionamento mais antigo da França. E também uma das igrejas mais antigas, St-Pierre-au-Nonnains. A parede externa e a fachada são da época dos romanos.


Estávamos bem encantados com estas cidades, mas descobrimos que eram só uma preparação para o apogeu de Strasbourg. Que cidade linda! Casas enxaimel, floreiras, canais, pontes... E muito de tudo. Uma beleza! E ainda com um sábado de tempo bom... foi delicioso.
A cidade é considerada a encruzilhada da Europa e me espantei com o fato de ser a metade do caminho entre Paris e Praga.


O Chateau du Haut-Koenigsbourg vale a visita, apesar de ser quase todo reconstruído. Além de tudo, fica no alto de uma montanha e tem belas vistas.


Não é preciso ser fã de vinho para desfrutar a rota do vinho da Alsácia. O passeio pelas cidadezinhas rodeadas de vinhedos é em meio a ruas de pedra, casas medievais, caves, bagels, torres, fontes, pátios,  floreiras, muralhas... As cidades mais badaladas são Ribeauvillé e Riquwihr, mas Eguishein também vale muito a pena. Eu me senti dentro de um conto de fadas.


Colmar é maior um pouco. Lá funcionava o porto para escoamento da produção de vinho. Tem o prédio da alfândega, o antigo mercado e um quarteirão cheio de canais chamado Petit Venise.


Eu tinha muito medo do clima atrapalhar a viagem. Detesto viajar naquele calor insuportável e o que penamos em um verão na Espanha é algo que me aterroriza até hoje, mais de cinco anos depois... Só que a temperatura estava perfeita e seguimos tranquilos para a região central e dos Alpes.

A Borgonha e Franche-Comté é especialista em coq au vin, boeuf bourguignon e outras delícias com vinho, além dos pratos com a famosa mostarda de Dijon. É também grande produtora de queijos, como o comté, o vacherin, o clérin e vários outros.
A tradição de laticínios segue no Vale do Ródano e Alpes Franceses, terra de raclettes, fondues e tartifletes. O queijo da Sabóia é ótimo e os caramelos de leite e manteiga dos Alpes, fantásticos.
Do Massif Central vem o Roquefort e o cantal.

Dijon tem o gigantesco palácio dos duques da Borgonha, onde fica o Museu de Belas Artes. Tem também belos palacetes renascentistas e casas com entalhes em madeira no quarteirão do mercado velho. Infelizmente a falta de conservação dos prédios tira bastante o brilho da cidade. A Notre-Dame tem um monte de gárgulas na fachada. Muitas mesmo, tantas quanto eu nunca tinha visto antes. Apesar disso tudo, não considero a cidade como um ponto alto.


Beaune é uma gracinha e o Hotel Dieu, imperdível. O prédio foi criado em 1450 para atender os doentes pobres e é uma obra prima da arquitetura renascentista. Com arcadas de madeira e um lindo telhado borgonhês, ou seja, com mosaicos de telhas coloridas.


A Abadia de Fontenay é de uma paz icnrível, As construções sólidas, sem adornos, as janelas claras, os lagos e fontes, a pequena mata ao redor. Beleza e paz.


Alise-Sainte-Reine é uma cidade minúscula e foi o lugar onde César finalmente venceu o líder gaulês Vercingetorix.  Há uma imagem enorme do rebelde-herói que nos remete imediatamente às histórias de Asterix e Obelix.


Lyon é uma cidade bacana, apesar de grande. Tem 3 pólos turísticos. Vieux Lyon, com a parte alta onde estão a Basílica de Notre Dame e os anfiteatros romanos, onde ainda há shows, e a parte baixa, com casarios. É minha região favorita. O coração de Lyon é a Presq'Ile, uma península formada pelos rios Saone e Rhone, antes de sua confluência. É o centro comercial e político da cidade e lá estão o Hotel de Ville, o Museu de Belas Artes, a modernosa Ópera... Finalmente há o Croix Rousse, o antigo bairro da manufatura têxtil. Embora tenha muita história para contar, sofreu com a decadência da indústria da região e agora  perdeu seu encanto. Está sujo e mal cuidado.
A culinária de Lyon merece destaque especialíssimo. Berço do que é mundialmente conhecido como gastronomia francesa, a cidade é dominada por bouchons - a denominação regional para bistrots.


Pérouges é uma pequena aldeia sensacional. Uma  praça central, uma rua que circula a cidade e algumas ruelas ligando as duas. Totalmente medieval, com ruas e casas de pedra.


Annecy é quase na fronteira com a Suíça. Tem uma lago, com praia e tudo, e no centro histórico, canais. As casas aqui não são mais em enxaimel, passamos da influência germânica para o estilo alpino. Compondo a paisagem, as montanhas... A cidade é muito bonita e agradável, embora estivesse lotada no verão.


O caminho de Annecy para Briançon é no meio dos Alpes, a coisa mais linda. Florestas de pinheiros, regatos, pequenas aldeias, estações de esqui... A estrada é bem sinuosa, tem um túnel de 10 km, a gente entra e sai da Itália... Apesar  da demora,  o percurso vale a pena.


Briançon é a cidade mais alta da Europa, uns 300 metros a mais que Brasília... Praticamente cercada pela Itália. O passeio pela cidade murada encanta: belas vistas e a graciosa Grand Rue, com uma canaleta no centro. A culinária é perfeita: queijos, fondues, racletes e a deliciosa tartiflete.


A descida para a Riviera Francesa é quase toda em auto pista italiana, com pinheiros, curvas e túneis.


Mônaco é um nadinha de país, com o cassino, muitos prédios pendurados nas encostas, o famoso grand-prix, a movimentada marina e só. As praias são em arquibancadas, um horror. As Ferraris, Mazeratis, Lamborghinis e Porshes são o pau que rola nas ruas, e, além disso, a empáfia. Decorrente, talvez, do antigo glamour do principado... Total décadence avec élégance.


Nice tem lindos balcões de metal nas casas belle époque do centro.  Na orla, uma pista larga e um grande calçadão - Promenade des Anglais. O mar é azul, azul... Mas, cá entre nós, salve, salve, meu Rio de Janeiro.


E daí até Marseille seguem-se os balneários da Côte d'Azur: Eze, Antibes, Cannes, St-Maxime, Hières,  Toulon, Cassis...  St-Tropez é bem charmosinha e Cassis tem um ar mais pé-na-areia que me agrada.


A comida da costa mediterrânea é farta em peixes e mariscos. Muita sardinha, vieira, anchovas. A sopa de peixe servida com rouille - um molho cremoso super temperado - e croûtons ou torradas é deliciosa. Espaguete com vieiras e camarões, hummmm. Adoro vieiras e lá eles fazem como ninguém. Também adoro lulas. E que lulas!
As saladas são comuns em todas as regiões da França, mas no sul elas estavam especiais. Há sempre muitas opções e todas muito saborosas: niçoise, chèvre chaud, de frutos do mar, de aspargos, com defumados, com um ou mais dos variados queijos, de sud ouest, com frutas, périgourdine...
Com o calor insuportável que fazia, eram opção sempre muito atraente. Também boa opção para refrescar é o gazpacho, que, apesar da origem espanhola, é muito comum nos cardápios.

 

O tempero é muito saboroso: azeite, ervas, cremes, manteiga, azeitonas, mostarda... E a tapenade? Adoro...
As frutas são muito suculentas e doces: cerejas, pêssegos... O melão é de tirar o fôlego de tão bom.


A Provence tem mais charme que o litoral, mas também fica infernalmente cheia no verão.

St-Paul-de-Vence é uma das minhas cidades mais favoritas. Pequenina cidade murada, é o cenário ideal para agradáveis passeios no delicioso ar da Provence.


Arles tem um teatro e um anfiteatro romanos.


Orange tem um teatro romano maior, bem preservado e com excelente acústica. O audioguia, incluído no bilhete, enriquece bastante a visita que pode ser complementada no museu do outro lado da rua.


Avignon também é uma das minhas preferências: uma cidade bacana, com um dos maiores festivais da França. É famosa pela canção Sur le Pont d'Avignon e, claro, pela bela ponte que inspirou a canção. A Place de l'Horloge está sempre movimentada e fica ao lado do Palácio dos Papas, a atração mais visitada.


Entre Avignon e Nimes, fica a Pont du Gard - colossal aqueduto romano. A primeira visão é realmente impressionante... Uma boa maneira de ingressar no Languedoc-Roussilon.


Nimes tem um super anfiteatro romano, ainda em uso. A visita com audioguia é excelente, dando boas noções da vida romana na época, com destaque para a vida dos gladiadores.


La Couvertoirade também é da minha lista de favoritas. Fundada pelo cavaleiros templários, é uma pequena aldeia cheia de charme. Na região dos Grands Causses, é cercada por lindas paisagens de florestas, vales e formações em calcário.


Pézenas também é bonitinha, com as típicas casas com pátios interiores e um pequeno gueto do século 14.


Narbonne tem uma atração interessantíssima: um armazém romano subterrâneo do séc I a.C. Na praça principal da cidade há um trecho da via domitia, estrada romana que ligava a Espanha à Itália. Pura história. Vale a pena ver, também, a catedral inacabada.


O pequeno porto pesqueiro de Collioure visto do alto é deslumbrante. São três pequenas praias, uma enseadinha, as muralhas, uma igrejinha no recife... As praias são de cascalho e não tem nenhum atrativo por si, mas passando o centro da vila e subindo um pouco a ladeira, há alguns hotéis e restaurantes com um visual indescritível.


Carcassone é uma encantadora cidade medieval, com fortificações, torres e muralhas. Pena que estivesse tão quente e tão cheia.
Lá comemos um torrone muito gostoso, com massa verde, feita de pistache. São muitos sabores, como natural, amêndoas, cereja...


Com forte influência espanhola e farta em pescados e mexilhões, esta região tem ótimas paellas.... As anchovas de Collioure são famosas.
E as frutas seguem excelentes: figos, damascos, morangos, ameixas.

Chegando aos Pireneus, o calor melhora bastante e os cenários também são belos.
Mirepoix está entre minhas cidades mais preferidas. A praça com arcadas é linda. Nos dias de mercado então, é tudo de bom...


O castelo da cidade de Pau tem uma visita muito bem feita e não fica a dever aos mais famosos castelos do Vale do Loire. A mesa de jantar para 100 pessoas é o máximo!


Toulouse é uma cidade universitária bastante agradável e o centro antigo tem bonitas construções em tijolo vermelho.


Não tem nenhuma atração especial, mas a comida é muito boa, como em toda a região do Perigord, Quercy  e Gasconha.
O forte dos pratos desta região são os patos e gansos, e, consequentemente, o fois gras, o confit e o cassoulet.


Também há fartura de nozes e trufas, que aparecem em molhos, saladas e outras preparações... Em resumo, uma delícia!
Um dos poucos restaurantes que me atrevo a indicar fica em Toulose e se chama Le Comptoir du Taur. O menu regional vem com o melhor!
Perigueux é a maior cidade nos arredores de Lascaux, mas não é necessário hospedar-se por lá. Montignac é a cidade mais próxima e onde são vendidos os ingressos. Vale dormir, fazer uma refeição ou ao menos passear um pouco. Super bonitinha e agradável, é cheia de restaurantes de comida périgourdine ou du terroir.


Lascaux, a gruta com magníficas pinturas feitas há 17 mil anos, está fechada à visitação desde 1963. Mas sua réplica, Lascaux II, é absolutamente idêntica e muito linda. Não importa se é ou não a original, vale a pena demais.


Sarlat tem um mercado ótimo, às quartas e sábados, que merece a visita de quem aprecia os sabores da região. Nozes, fois gras, embutidos diversos, trufas e cogumelos, azeitonas as mais variadas, cassoulet e confit enlatados e toda uma enormidade de variantes disso tudo. No mais, é se perder pelos labirintos de vielas e praças e voltar um pouco ao mundo medieval...


Também formada por vielas em torno de uma rua principal animada, Domme encanta. A vista que se tem do vale do Dordogne é espetacular.


Rocamadour está encarapitada numa escarpa belíssima e rende um bom passeio. Além disso, tem ótimos biscoitos crocantes - croquants aux noisettes.


Gostei muito desta região do Perigord, Quercy e Gasconha. A atmosfera no verão estava deliciosa, como havia sido para mim a da Provence na primavera. Fiquei encantada com as paisagens, as vilas de pedra, os morangos, os mercados, os sabores e perfumes.  Tinha gostado antes, quando viemos na primavera, mas não foi tanto encanto assim. Talvez o destaque agora tenha vindo do contraste com a Provence, que estava cheia demais, quente demais, engarrafada demais...
As estradas aqui, além de tranquilas, estavam com um visual... Girassóis, campos cultivados, montes de feno enroladinho... Oliveiras e vinhas. A perder de vista.


Finalizando a região sudoeste, fomos a Poitou  e Aquitânia.
A catedral de Poitiers tem uma bela fachada com muitas esculturas e é graciosa com sua aparência de pequenina. O interior, porém, aparenta amplidão com suas pilastras coloridas. É uma sensação interessante.


Angles-sur-l'Anglin é mais uma fotogênica vila de ruas estreitas e casas de pedra. Cortada por um rio, tem um moinho e um castelo em ruínas.


Confesso que o Vale do Loire é a área da França que menos me agrada. Não é que desagrade ou coisa do gênero, é só a mais sem graça. Mas mesmo assim tem seus encantos. Eu acho tudo meio repetitivo, embora bonito. E não curto muito essa onda de monarquia. Além disso, vive lotado de brasileiros.
Pode parecer pedante da minha parte, mas eu não gosto de encontrar brasileiros nas viagens. Geralmente, eles são tontos, deslumbrados, escandalosos, mal-educados, desinformados sobre as atrações e a cultura local, além de não fazerem questão nenhuma de tentar aprender o mínimo do idioma local. Ufa, desabafei!
Desta forma, resolvemos que a passagem pelo vale seria muito rápida. Como eu e Roger já fomos de outras vezes a todos os castelos da região, selecionamos só Chambord e Chenonceau, por achar os mais representativos.
Chenonceau tem o diferencial de ser construído em cima do rio, com uma charmosa galeria em arcos. A cozinha é super bem montada, com utensílios que parecem prontos para o uso. E mais: quartos de muitas rainhas, inclusive Catarina de Médicis, e floridos jardins.


Chambord é o maior dos castelos. São belos os panoramas dos terraços e as salamandras, emblema de Francisco I, esculpidas, pintadas e entalhadas por toda parte...


Os vitrais da catedral de Chartres são lindos! E são muitos!


Uh-la-la! E viva a Bretanha!
Lugar que eu adoro!
Oba! Crepes de trigo sarraceno! Sidra! Mariscos! Celtas!
E quanto à questão climática, pas de problème. Eu consigo, ao contrário da maioria das pessoas, classificar como lindo uma dia de nuvens negras no céu, baixas e pesadas... Lindíssimo!

Fougères é uma cidade com um coração medieval e um enorme castelo. Na beira do rio, ainda tem vestígios das lavanderias dos curtumes.


Da mesma forma são Vitré e Josselin, com seus labirintos de casas com madeirame aparente e forte identidade bretã. Que eu curto muito, vale ressaltar.


A floresta de Brocéliande (ou Paimpont), dos mitos de Viviane e Merlin e sua magia, chama atenção num país de muitos jardins mas poucos bosques. Além de muito bonita, tem um ar misterioso e não é nada difícil imaginá-la ambiente de druidas e poções.


Para continuar no clima, a visita seguinte pode ser aos alinhamentos de megalítos de Carnac. Com muitos menires e alguns dolmens,  o lugar é impressionante. No meio do mundo celta. Para mim, que gosto pouco, é só o máximo...


Quimper, a cidade com maior número de creperies por metro quadrado que eu conheço, é o coração da Bretanha. E tem os melhores macarons do mundo -  Les macarons de Philomene.


Por tudo isso e muito mais, Quimper é um excelente ponto de apoio para conhecer a Point du Raz.
Este cabo rochoso proporciona lindas vistas das águas agitadas do Atlântico. E está cercado de belas praias.


Os conjuntos paroquiais ao longo do vale do Elorn são primorosas construções entalhadas e demonstram a riqueza dos assentamentos rurais nos séculos XV a XVIII. Na minha opinião, merecem destaque Guimiliau e St-Thegonnec.


A vieille ville de Dinan é uma das mais encantadoras da Bretanha, com muitas construções medievais e uma bela torre do relógio. Atrás da basílica de St-Savin, há um agradável jardim com belos panoramas do vale. O café Avec les Anges é muito especial e vale uma pausa para descanso.


O  Mont Saint-Michel é um ponto alto, que compensa as dificuldades de acesso. O estacionamento obrigatório fica muito longe, mas oferece ônibus gratuitos até o monte. O problema é que a caminhada até o ponto de ônibus tem uns 2 km, o que, associado à ladeira e às grandes escadas da abadia, torna a visita bastante cansativa. Pra piorar, os estacionamentos não tem numeração e os caixas não ficam num local acessível, muito pelo contrário. Eu achei um negócio meio burro e nada prático.
Mas a visita vale o sacrifício. Mesmo antes de chegar, a visão da abadia construída no alto do pequeno monte no meio do mar já é fascinante. As principais belezas, todavia, estão guardadas dentro dos muros da cidadela e no interior da abadia.


Para finalizar a Bretanha, vou me permitir falar um quase nada sobre a sidra - deliciosa bebida à base de suco de maçã fermentado (tem de pera e de pêssego também). Todo mundo vive rindo de mim aqui no Brasil, me mandando tomar sidra Cereser e dizendo que é bebida de pobre. Perfeito, então! Eu não sou rica. Mas pobre mesmo é quem só associa a palavra sidra à conhecida marca brasileira e fica com este preconceito ridículo. A bebida é deliciosa e muito popular (deve ser isso: popular = de pobre) não só na Bretanha e na Normandia, mas também na Inglaterra, Espanha e outros países da Europa. Eu gosto mesmo, gosto muito e ninguém tem nada a ver com isso. Se for à la pression ou on tap, então...


Um último detalhe culinário sobre a Bretanha: os famosos biscoitos amanteigados da região. Vale experimentar. Os petits beurre além de gostosos, vem em lindas latas.

A Normandia é o que há para quem se interessa pela Segunda Guerra Mundial. Verdadeiro museu a céu aberto, com suas praias, memoriais, carros de combate, peças de artilharia  e cemitérios de guerra. Também são numerosos os museus, com destaque para o Museu da Batalha da Normandia, em Bayeux, o das Tropas Aerotransportadas, em St-Mère-Eglise, e o da Muralha do Atlântico, em Ouistreham.


Bayeux é uma cidade acolhedora e apresenta a famosa tapeçaria, de 70 metros, que conta a história da conquista da Inglaterra por Guilherme. Magnifica! Dá só uma olhada: Tapeçaria de Bayeux.


Etrétat é a cidadezinha mais linda da Alta Normandia, com belas paisagens de praias e campos nos arredores. E de quebra, uma vista e tanto da falaise d'Aval.


Rouen também é muito bonita, com tradicional arquitetura normanda. Inicialmente um entreposto comercial celta que foi transformado em forte pelos romanos, somente se tornou cidade com a colonização pelos vikings no século IX. Entre suas atrações estão a linda catedral eternizada por Monet em seu estudo sobre a influência da luz na pintura e a praça onde foi queimada Joana d'Arc. Menos conhecido mas muito interessante é o Ossário de Rouen, um antigo cemitério e ossário para as vítimas da peste. O madeiramento dos prédios ao redor do pátio é esculpido com caveiras, caixões e coisas do gênero.


Giverny é a cidade minúscula onde Monet viveu mais de 40 anos da sua vida. Visitar sua casa e seus jardins é, com certeza, top 10 entre as atrações da França. Monet também gostava muito de jardinagem e aqui cultivava uma grande parte dos lindos jardins que aparecem em suas obras. O lugar é tão especial que vai merecer um post exclusivo, que pretendo escrever muito em breve.


Beauvais tem uma catedral muito grande com um espetacular relógio astronômico. Espetacular também é um lanche lá em frente, na Banette. As tortas de nougat são divinas e vale a pena experimentar a fougasse de queijo de cabra com figos.


A catedral de Amiens é ainda maior, tem a fachada muito decorada com estátuas e o coro lindamente trabalhado em madeira.  O bairro de Saint-Leu é exclusivo de pedestres e tem canais, floreiras e muitos restaurantes. Difere bastante das cidades da Alsácia e dos Alpes, também rodeadas de canais, pela arquitetura. Em Amiens, as casas se parecem com as dos Países Baixos e lá eram estilo germânico. Na verdade, toda a região da Picardia tem muitas semelhanças com Bélgica e Holanda.


Um passeio pelas pequenas estradas do Flandres Marítimo é feito entre a baixada cultivada e moinhos, numa paisagem bem flamenga.


Próximo a Compiègne, fica a clareira do armistício (da 1ª Grande Guerra) e uma réplica do vagão onde ele foi assinado.


Desta vez, não vou dar indicações de restaurantes. São muitas cidades e, no geral, se come tão bem por lá que não há necessidade de recomendar algum lugar especial.
Vale se perder pelas ruas e não fazer tanto planejamento de onde comer. Na hora da fome, quase sempre tem alguma coisa gostosa sem precisar sair muito do caminho. Só não vale se acomodar no primeiro lugar que aparecer por preguiça de procurar e de desvendar o cardápio e nem ficar sem coragem de experimentar o desconhecido e perder as muitas e ótimas especialidades locais.
Numa emergência, no caso de não ter absolutamente nenhum restaurante onde estiver, vale aproveitar e fazer um piquenique. Ou mesmo que tenha outras opções, experimente uma refeição ao ar livre para curtir um lindo dia, uma linda vista, um momento gostoso.


Os pães são sempre muuuito gostosos. Não perca a chance dar uma olhada nas vitrines das boulangeries. De leves croissants a deliciosos pães integrais multi-cereais, além de sonhos, tortas de maçã... Tudo de bom.

 

Os lanches franceses também são muito bons e uma ótima opção para um almoço rápido: croque monsieur ou madame, sanduíche na baguete, quiches, saladas completas com molhos soberbos, fougasse... Eu gosto muito deste esquema: uma refeição leve no almoço, mais rápida, para não perder tempo e aproveitar o dia e uma janta bacana, com todos os pratos e muita tranquilidade.


Para variar um pouco da comida tipicamente francesa ou quando não quiser pensar muito em cardápios e preferir uma coisa mais fácil e, digamos, segura, tenho duas sugestões.
A cadeia de restaurantes Leon de Bruxelles é muito boa. Originária de Bruxelas, é especializada no prato típico belga: moules frites, ou seja, mexilhões com batatas fritas. Eu adoro! Se você pedir as moules en cocotte vem uma panelona de moules e batatas fritas à vontade. É só escolher o sabor...


A outra delícia, que já pode ser considerada tipicamente francesa, é pedir um couscous royal em um dos vários restaurantes marroquinos ou argelinos. Nunca comi um que não fosse gostoso.


Outra opção segura é comer em uma das lojas da Brasserie Flo. Também presente em várias cidades, serve vários pratos tradicionais. Em Metz, por exemplo, comemos foie gras com chutney de mirabelle (ameixa dourada da Lorena) e pão de campanha torrado, presskopf, magret de canard com aspargos frescos e tartar. Tudo muito bom.

No ramo das sobremesas, embora eu seja obcecada por macarons, há muitas outras especialidades francesas.


Além dos manjados créme brulée, mousse au chocolat e profiteroles, há tiramisu e éclair au chocolat em profusão; massas folhadas espetaculares com todos os sabores imagináveis; combinações incríveis de chocolates com nozes, amêndoas, avelãs e similares; framboesas, morangos, mirtilos e amoras preparados de muitas maneiras; caramelos deliciosos e um chantilly levíssimo e aquela coisa perfeita chamada île flotante, que é outra das minhas sobremesas do coração. É similar aos nossos ovos nevados...


A exemplo desta última foto, da île flotante, algumas fotos neste blog não são minhas. Busquei na internet para complementar alguma coisa que me faltava. A maioria, porém, foi feita por mim. Não vou colocar os créditos uma a uma, mas prometo que não vai demorar para eu colocar uma marca d'água nas minhas, ok?
E com estes esclarecimentos, termina minha narrativa. 

6 comentários:

  1. Márcia, que coisa linda!!! Parabéns!!! Quantas delícias para ler e sonhar.... Um beijo. Aurea.

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  2. Simplesmente encantador esse post. Eu que já tinha muita vontade de conhecer Paris...depois deste post fiquei com vontade de conhecer muito mais. Suas fotos ilustram perfeitamente seu texto. As fotos dos comes e bebes e suas dicas estão de dar água na boca. Unica sugestão para próximos posts: esse tipo de registro com fotos são daqueles que precisam de uma marca d,água. Parabéns!

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  3. Obrigada, Rodolfo. Não imagina o quanto estou ansiosa pela marca d'água hehe... Quem bom que gostou da fotos e da cara das comidas... Sua opinião é importantíssima para mim. Beijos.

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