sexta-feira, 15 de junho de 2012

Descoberta deliciosa

Hoje descobri um lugar maravilhoso! Que comida!
Fui levada pelo meu querido Raul para conhecer um restaurante pequenino (bistrot?) especializado em galetos e codornas... Só que completamente diferente dos que eu já tinha comido até hoje.
E olha que eu sou suspeitíssima, porque amo os galetos da colônia italiana: torradinhos, com molho saboroso e acompanhados de maionese caseira e muita polenta frita... E também porque vivo tentando conhecer tudo da cuisine française que meus dias de férias e recursos financeiros permitem...
Pois é. E mesmo assim o Inácia Poulet Rôti foi um achado preciosíssimo. Vou contar para vocês.
O couvert é composto de fatias de baguete quentinhas senvidas com manteiga, chanttily com ervas e paté de frango. O chanttily é levíssimo e de sabor suave e o paté de frango (com azeitonas, Gabis. Você não vai gostar...) é deliciosamente temperado.


Pedimos galeto assado recheado com miúdos... Caramba! De outro mundo: muito macio, molhadinho e com um tempero sensacional... Como acompanhamento, são 3 itens à escolha. Nós optamos por arroz com castanha do Brasil, creme de milho e farofa de couscous com ovos, mas há várias opções atrativas.
O fato é que estava tudo delicioso e veio servido em lindas panelinhas de louça branca.
A mesa estava bem posta. Louça branca e copos bonitos. Gérberas naturais em garrafinhas transparentes.


Gostei. O lugar tem graça...  Muitos vasos de barro com plantas nas paredes, ambiente aberto e sombreado. O que significa luminosidade na medida perfeita e bem arejado. É aberto para o jardim que dá para a quadra, bem agradável mesmo. E para completar, não estava entupido de gente. Ou seja, sem confusão e barulho... 


De sobremesa, mini tortas. De Tiramisú com café, alemã, maracujá... A de maracujá (com chocolate) estava boa. 
Já estou louca para voltar. Para levar o Roger e os meninos. Para ir com as amigas. Para ver como fica à noite. Tinha tanta coisa deliciosa para experimentar: codornas recheadas com damasco, risoto de codorna (que o Raul já comeu e adorou), minirocambole de frango recheado com presunto Parma, brie e damasco... E ainda tem opções vegetarianas, o que é bem legal para a Sheila e o Pedro.
É, acho que bem rapidinho estarei de volta por lá. Obrigada, Raul, pelo maravilhoso almoço. Bom demais!
E, a propósito do Raul, ele nos emprestou a casa de Pirenópolis no próximo fim de semana. Isso vai ser bom e logo poderei atualizar o post de Piri. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Turquia: Istambul

Não sei exatamente o que esperava de Istambul. Acho que uma cidade da Europa, com o glamour do Orient Express e um certo charme de 1001 noites.
Mas não foi bem isso que encontrei.
A cidade é bem grande e bem suja. Poluída, mal conservada e desorganizada. O trânsito não anda e é preciso estar sempre atento para não ser passado para trás.
Me senti na América Latina, com o agravante de não entender nada da língua.

Então não vale a pena? - Claro que vale!
Primeiro porque, para mim, todos os lugares merecem ser conhecidos. Depois de conhecer é que se pode definir como um lugar que merece ser revisitado ou arquivado no departamento dos "dei por visto".
Segundo porque é tão diferente do nosso habitual que, mesmo se fosse feio, valeria pelo choque (ou meio-choque) cultural.
Terceiro, porque é Constantinopla. E isso é o máximo!
E enfim, porque tem algumas coisas muito bacanas, que fazem a visita valer mesmo a pena.

Quando o tempo está claro, a beira-mar fica bem agradável. Há vários calçadões, com bares e restaurantes. E da maioria deles se tem uma boa vista das mesquitas e do palácio. Só é preciso ter muita paciência com a abordagem "intensa" dos vendedores, seja de comida, tapetes, lenços, passeios e tudo mais. Só estar ali, na beira do Bósforo e na boca do Mar Negro, já é demais. A cabeça vai lá para trás no tempo, muito atrás mesmo. Muita história... O começo de tudo.

O passeio de barco pelo estreito e a Torre de Gálata são fundamentais.
O barco vai bem pertinho da margem até a segunda ponte e dá para ver os detalhes das construções, com destaque para o Palácio Dalmabahce.

 

Do alto da torre se tem uma visão geral da cidade, o que é sempre interessante para se localizar. Caminhar da torre até a Praça Taksin é um ótimo programa. Primeiro por uma ruazinha linda, com muita lojas de instrumentos musicais, e depois pela rua Istiklal.  Apenas para pedestres e bondes, pelo menos em teoria, é uma rua comercial movimentada e com muitos cafés, restaurantes, casas de câmbio, confeitarias e uma filial da sorveteria Mado, considerada a melhor da Turquia.


A parte histórica é o ponto alto da cidade, com o hipódromo romano, o Palácio Topkapi, a Basília de Santa Sofia, a cisterna e o Museu Arqueológico.


Mesquita Azul é imperdível e o harém do palácio vale o ingresso cobrado à parte. O museu tem peças bem interessantes, mas não se compara aos grandes museus europeus.


Bem ali pertinho fica o Gran Bazar, um mercado coberto com mais de 4 mil lojas. Tapetes, jóias, cerâmicas, vidros coloridos, chás, especiarias e toda sorte de quinquilharias estão lá a disposição, juntamente com os chatíssimos vendedores. Acho que esta abordagem "agressiva" dos comerciantes em geral é o pior de Istambul, assim como o costume de negociar o preço. Embora no final seja quase sempre vantajoso (obviamente que para eles também), todo o processo é muito aborrecido e, para mim, totalmente dispensável.
Eu gostei mais do bazar de especiarias, ou Bazar Egípcio, que apesar do nome também vende de tudo.


Do glamour do Orient Express não se encontra mais nada. O hotel Pera Palace está lá, mas sem qualquer alusão àquele período. Na estação ferroviária há um pequeno museu ferroviário e em uma das vitrines estão expostas louças, talheres e uns poucos objetos. Quem melhor explora a imagem do mais famoso trem do mundo (pelo menos para mim) é um restaurante homônimo, na plataforma. Lá existe um mural com algumas notícias de jornal e se pode comprar reproduções dos pôsteres da época.


O que há de mais exótico na cidade é o som, com o canto dos pregadores nas mesquitas, várias vezes ao dia, no alto dos minaretes. E, em seguida, o cheiro. Os temperos e chás que perfumam o ar e a calda dos doces que atiça o paladar...

Os doces turcos merecem menção especial. São muito gostosos, embora muito doces também. A variedade é imensa e a maioria tem massa filo, avelãs ou pistache entre os ingredientes. Meus preferidos são Sekerpare e Baklava e gostei muito das docerias Kazim e Sütis.


Fora isso, há entradas deliciosas como humus, coalhada com hortelã, uma pasta deliciosa de tomates, sempre acompanhado de pão balão ou sírio.


O kebab é um prato bastante popular e nada mais é do que carne grelhada, de diversas maneiras. O döner kebab é aquele que gira num espeto vertical e um que gostei muito foi o testi kebab. Trata-se de um ensopado de carnes com vegetais cozido em um tipo de pote de barro que depois é rompido com uma espada, num espetáculo bem para turista. Mas é uma delícia, só não sei porque chama kebab se é cozido... Também são bastante comuns almôndegas, kafta e outros pratos com carne moída, como mousaka - aquela delícia, supostamente grega, feita com carne moída, pimentões e berinjelas.


Berinjelas e pimentões são muito usados (ficam deliciosos recheados), assim como iogurte, queijo e azeitonas. Achei bem saborosos e perfeitos para um lanche rápido o lamahcun, espécie de pizza, a pide, outra espécie de pizza, e o gözleme, mais parecido com um crepe ou uma tortilla mexicana.


Para beber, o mais usual é café (não gostei) e chá (normal) turcos. mas o grande lance mesmo é o suco de laranja (maravilhoso!) e o chá de maçã... Hummmmmmmmm...
O fato é que não dá para passar fome na Turquia não. Como se, para mim, fosse difícil achar delícias para comer em todo lugar... Mas confesso que, depois de vários dias, aquela exuberância de temperos me deixou com uma azia 24 hs.
Para quem não está muito familiarizado com os nomes (quase todo mundo) e tem medo de errar, há restaurantes daqueles em que a comida fica exposta, você escolhe e aponta e o copeiro vai montando o prato.


Para quem come de quase tudo, dá para arriscar a la carte. Nós gostamos muito do Hacin Baba, bem pertinho da Praça Taksin, e do Konyali, que fica no Palácio Topkapi. A comida é normal, mas a sobremesa e a vista valem bastante.
Na Ponte Gálata tem um mundo de gente pescando e um mundo de restaurantes que servem peixes e lulas fritas. A paisagem é interessantíssima, com aquele monte de caniços nas balaustradas.


Em Karakoy também é cheio de restaurantes neste estilo. Nós comemos em um deles (Paradis - Afrodite) e era bem ruinzinho. Não sei se são todos assim ou se tivemos azar.


O último aspecto que vou comentar é a quantidade de mulheres usando hijab. Eu achava que depois de todas as polêmicas sobre a proibição do uso do véus islâmico nas universidades turcas, este assunto estivesse superado. Mas a verdade é que eles estão em toda parte. De todos os tipos: véu, lenço, shiraz, nikab, chador, e até mesmo burca...
É incrível, mas pesquisas indicam que 60% das mulheres turcas usam o hijab diariamente. Assustador!
E também surpreendente que a cidade turca (das que eu fui, claro) onde se percebe maior "adesão" aos véus seja Istambul...
Felizmente, todas as mulheres com as quais interagi na Turquia estavam com a cabeça descoberta, embora fossem muçulmanas. E aí, só tive a versão delas sobre este costume. Segundo me informaram, apenas as classes de menor poder aquisitivo e nível cultural insistem na vestimenta. Mas é um percentual muito grande, não é mesmo?

Leia aqui para entender um pouco sobre os tipos de véus islâmicos.